Dias Gomes (1922 – 1999) nasceu em Salvador, na Bahia. Em suas obras, como “O Pagador de Promessas” e “O Bem-Amado”, o autor segue a tradição da comédia de costumes, que tem em escritores como Martins Pena, Nelson Rodrigues e Ariano Suassuna outros importantes representantes brasileiros.

“O Bem-Amado” nasce como texto teatral, mas, ao longo das últimas décadas, ganhou adaptações para a televisão (novela e minissérie), cinema e rádio. A linha adotada por Dias Gomes na obra é a farsa. Segundo o professor de língua portuguesa e de literatura do Cursinho da Poli, Claudio Caus, entrevistado neste “Livro aberto”, a farsa “fala de acontecimentos burlescos, pitorescos que acontecem no dia a dia entre as pessoas, por meio de personagens caricaturais”.

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Na trama, Odorico Paraguaçu é eleito prefeito da fictícia cidade litorânea da Bahia tendo como plataforma política o “construimento” do cemitério da cidade, o que acontece com desvio de verbas públicas. No entanto, depois que fica pronto, diante da falta de um defunto para inaugurar a obra, o prefeito faz uso da falta de ética, já que defende que os “finalmentes justificariam os entretantos”. Em sua jornada, conta com o apoio de personagens, como as irmãs Cajazeira e do justiceiro Zeca Diabo. Na oposição, com uma postura não menos antiética, a peça traz o dono do jornal “A trombeta”, Neco Pedreira.

Se o que torna um texto clássico é sua atemporalidade, “O Bem-Amado” pode ser enquadrado nessa categoria. “Infelizmente, esse texto sempre foi atual. O Odorico Paraguaçu é um político populista e inescrupuloso”. Além do mau-caratismo do protagonista e de boa parte das personagens da peça, no áudio, o professor destaca a linguagem criada por Dias Gomes, que é cobrada em vestibulares. Vale destacar que a obra faz parte dos livros obrigatórios no vestibular de 2019 da Unicamp.

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