Para quem vai prestar vestibular no fim do ano, o mês de setembro é como se fosse o último quilômetro de uma maratona. Com a linha de chegada começando a surgir no horizonte, o candidato deve manter o ritmo acelerado sem sucumbir ao nervosismo.

“Agora, na hora da inscrição, bate o desespero, porque cai a ficha de que está perto mesmo” diz Pedro Lino, 19, aluno do Cursinho da Poli, em São Paulo.

O estudante, que vai prestar filosofia na USP, tem até a próxima quinta-feira (8) para se inscrever na Fuvest, a organizadora do exame. “Percebi várias coisas que já deveria ter estudado”, afirma.

Para ele, o que está ajudando a aliviar a tensão do período são as aulas de teatro que faz no próprio cursinho. “Tenho ficado muito inquieto e irritado. Nos ensaios, é quando solto tudo”, conta.

O aumento do nível de estresse nesta época é tão comum nos vestibulandos que até já ganhou nome. “É a ‘setembrite'”, diz Paulo Moraes, educador.

“Os alunos ficam mais nervosos, porque este é o último mês de conteúdo. Depois, é só revisão.”

O grau de tensão em setembro pode ser, inclusive, mais alto do que na hora da prova, de acordo com Maria Cândida Rolim, mestre em fisiologia humana. Uma pesquisa realizada por ela, em 2007, no Laboratório de Estudo do Estresse (Labeest) da Unicamp, avaliou o nível de desgaste de 92 alunos do cursinho Cooperativa do Saber, de Campinas.

De agosto até a data do vestibular, em novembro, foram coletadas amostras de saliva dos estudantes para medir a concentração de cortisol, hormônio indicador de estresse.

A média mais elevada foi detectada em setembro: 0,83 micrograma de cortisol por decilitro de saliva, valor considerado alto -o ideal é não passar de 0,65. Em outubro, caiu para 0,63 e, no dia do vestibular, chegou a 0,74.

“No momento da prova, o estresse auxilia no desempenho, deixa o raciocínio mais rápido”, explica Rolim. “Mas, por um período prolongado, pode prejudicar a capacidade de armazenar informações e acarretar doenças.”

DOR SEM FIM

Toda essa angústia na reta final faz com que os estudantes cheguem ao vestibular em péssimas condições físicas, afirma a psicóloga Elizabeth Brandão, professora da PUC-SP. “O estresse faz parte dessa etapa. Para ele não passar da conta, o aluno tem que pensar de forma objetiva e traçar um plano de estudos, sem perder tempo criando monstros”, afirma.

As últimas semanas têm sido dolorosas para Beatriz Baptista, 20, candidata a uma vaga em medicina. Com fortes crises de enxaqueca, ela precisou ir ao médico para iniciar um tratamento.

“Já tive dores de cabeça, mas nunca desse jeito”, diz. “Fico nervosa, porque vejo os outros estudando mais e acho que não estou preparada.”

Caroline Morine, 21, que também vai prestar medicina, conta que a ansiedade está tão grande que ela tem acordado no meio da noite preocupada com seu desempenho. “Por estar no quarto ano de cursinho, me cobro ainda mais”, afirma.

Para não entrar em desespero, o aluno deve resolver simulados e provas de anos anteriores, avaliar seu erros e trabalhar para melhorar seu resultado, recomenda Brandão, da PUC.

Entender que é impossível saber todo o conteúdo exigido no vestibular ajuda a manter a calma, diz Vera Lúcia Antunes, educadora. “Agora, é olhar para frente e administrar bem o tempo. Ainda temos setembro e outubro. Não é pouco.”

CALMA AÍ: SUGESTÕES PARA DRIBLAR A ANSIEDADE

DIAGNÓSTICO

Faça simulados e provas de anos anteriores para avaliar se a sua maior dificuldade ainda é em relação ao conteúdo ou ao ritmo da prova

ESTRATÉGIA

Trace um plano de estudo para os dois meses que ainda restam de preparação. Faça isso com o auxílio de um professor ou orientador educacional

PÉ NO CHÃO

Seja objetivo, determine as horas de estudo e cumpra o que estabeleceu. Nada de tentar abraçar o mundo e criar metas irreais. Isso só vai aumentar o estresse e o sentimento de culpa

DISTRAÇÃO

Estudar 24 horas por dia é contraproducente. O cérebro precisa de descanso para absorver conhecimento. Durma bem e reserve tempo para o lazer, sempre que possível.

MAIS LEVE

A escolha do curso é um passo obrigatório, mas não significa que você ficará preso a ela para o resto da vida. Antes de optar pelo curso, busque conhecer a universidade e sua estrutura

Fontes: Alessandra Venturi (Cursinho da Poli); Elizabeth Brandão; e Marcelo Dias Carvalho.

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