Há poucas semanas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a expectativa é que a prova seja diferente dos anos anteriores em termos de conteúdo. Com vários impasses e mudanças, houve até dúvidas se a prova de fato iria acontecer. 

Enem “mais técnico”

A última edição do Enem levantou algumas polêmicas, principalmente por uma questão sobre o pajubá (conjunto de expressões associadas aos gays e travestis). Na época, ainda como candidato a eleição, Bolsonaro chegou a dizer que tomaria conhecimento da prova antes para evitar polêmicas.

Em abril, o presidente, agora eleito, afirmou que o Enem de 2019 não terá questões polêmicas ou com citações ideológicas. O ministro Weintraub confirmou as orientações para a prova: “Não vai cair ideologia, a gente quer saber de conhecimento científico, técnico, de capacidade de leitura, de fazer contas, de conhecimentos objetivos”, declarou.

Comissão para analisar questões

Para evitar esses tipos de questões, foi criada uma comissão para analisar as questões do Banco Nacional de Itens (BNI). O objetivo foi “identificar abordagens controversas com teor ofensivo a segmentos e grupos sociais, símbolos, tradições e costumes nacionais”, segundo o no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)

A promessa de uma prova “mais técnica” gerou polêmica e desconfiança a respeito da segurança da prova. À imprensa, o presidente do Inep afirmou: “Em relação ao conteúdo, eu nao li a prova e o ministro não leu a prova. A prova foi produzida da mesma forma, mas houve a orientação para que a gente focasse no conteúdo, na aprendizagem. Usamos o banco de itens, inclusive com questões que foram elaboradas nos anos anteriores, mas o objetivo foi buscar os itens mais neutros, que busquem realmente aferir o conteúdo”.

Opinião de coordenadores

Para o professor Gilberto Alvarez (Giba), coordenador do Cursinho da Poli e diretor da Fundação PoliSaber, a ideia de uma prova “mais técnica” apresenta um desvio conceitual dos termos pedagógicos: “O ensino técnico por definição é aquele ensino ligado às tecnologias, voltado à formação específica e a formação de técnicos”. 

Seguindo essa lógica, para Giba, o que o ministro chama de prova ideológica seria, na verdade, “a busca de formação integral, que vá além do ensino técnico”. O coordenador considera que a prova só seria ideológica de fato se o governo eleito interferisse matriz da prova e vetasse questões do banco de itens.

Giba ainda apresenta um outro problema: a fuga das habilidades que o próprio Enem busca aferir do candidato. “Essas habilidades buscam um sujeito que tenha a formação integral, com olhar crítico sobre a história, a economia, a política e a sociedade em si”, enfatiza o coordenador.

2019 conturbado

O novo direcionamento da prova foi acompanhado por outras mudanças e impasses na administração. Desde o início do novo governo, foram seis mudanças de cargos no MEC e Inep.

A impressão das provas dentro do cronograma também gerou um clima de apreensão. Isso porque a gráfica responsável pela impressão do Enem desde 2009 faliu em março deste ano. Uma nova gráfica foi contratada em maio e as impressões ocorreram a tempo. 

Enem digital e outras mudanças

Uma das novidades do Enem de 2019 é que ele será o último exame somente em papel. A partir de 2020, o MEC inicia a implementação do Enem Digital que será feita gradualmente até 2026, quando se extinguirá as provas tradicionais.

Outro ponto que os candidatos devem se atentar é que, se algum aparelho eletrônico tocar durante a aplicação das provas, mesmo que guardado dentro do saco e debaixo da carteira, o participante será eliminado. Além disso, na entrada da sala, os lanches e bebidas dos candidatos podem ser revistados.

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