Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. Três nomes que estão entre os mais importantes da história da literatura nacional. Esses autores foram consagrados pela peculiaridade de suas obras e pela excelência nas maneiras de usar a língua portuguesa. Em 2017, uma sutil coincidência cria uma conexão entre eles: completam-se 30 anos sem Drummond, 40 anos sem Clarice e 50 anos sem Guimarães.

Torna-se, portanto, simbólico que nas décadas de 1960, 1970 e 1980, em todos os anos terminados em 7, um ícone revolucionário das letras no Brasil encerrou seu ciclo de vida – deixando legados fundamentais e incomparáveis para a literatura brasileira. Além desse fato, há outras singularidades que unem esses grandes escritores.

A primeira delas é a atemporalidade: não é à toa que a popularidade dos três perpassa décadas. Em seus manuscritos, eles buscavam nas minúcias o significado e o sentido – ou a ausência deles – de questões universais. A essência humana e a interligação com o ambiente é um dos temas presentes nas obras de cada um dos autores citados no presente texto.

Em seus poemas, contos e romances, Drummond, Clarice e Guimarães conseguiram extrair beleza melancólica e questionamento existencial sobre os fatos mais banais. De aspectos ordinários e fatos do cotidiano, nasciam profundas reflexões subjetivas. O mundo dos sentimentos humanos e questões sociais eram frequentemente analisados em suas obras. 

Outra questão essencial que os três trouxeram se dá pela ousadia de subverter os padrões da língua. Drummond escrevia em versos livres, sem preocupação com métrica e rima. Clarice transgredia regras gramaticais de sintaxe, paragrafação e pontuação – reforçando sua singularidade e liberdade textual. Guimarães é conhecido principalmente pelo uso de neologismo (arte de inventar palavras) em sintonia com o regionalismo presente em algumas de suas obras.

Há muito mais a explorar desses grandes mestres da literatura, tão versáteis e com uma multiplicidade de temas – do indivíduo ao social.

Citações:

“Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.”

Drummond de Andrade

“É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.”

Clarice Lispector

“Eu careço de que o bom seja bom e o rúim ruím, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! (…) Este mundo é muito misturado…”

Guimarães Rosa

Suas obras também são cobradas no Enem e nos principais vestibulares do país:

Fuvest 2018 e 2019

Carlos Drummond de Andrade – Claro Enigma

Guimarães Rosa – Sagarana

Unicamp 2018 e 2019

Contos

Clarice Lispector – Amor, do livro Laços de Família.

Guimarães Rosa – A hora e a vez de Augusto Matraga, do livro Sagarana.

Cursinho da Poli

Author Cursinho da Poli

More posts by Cursinho da Poli

Leave a Reply