por Decio Cavalheiro *
Com o fim da Segunda Guerra, em 1945, reuniram-se os governantes das principais potências vencedoras para definir o futuro da Europa e do Eixo. Acertaram que aqueles territórios seriam divididos em áreas de influência: o oeste para os Estados Unidos e o leste para a União Soviética. Essa divisão permearia todo o período denominado Guerra Fria, a ordem mundial bipolar que prevaleceu durante a segunda metade do Século XX.

Naqueles acertos que resultaram na divisão do planeta, ficou claro que a América permaneceria área de influência dos Estados Unidos, segundo a máxima da Doutrina Monroe (1823) “América para os americanos”. A disputa entre as duas superpotências se daria no Velho Mundo.

Esse acordo começou a sofrer transformações a partir da Revolução Cubana (1959). Seu líder Fidel Castro, nacionalista, buscou diversificar as relações políticas e econômicas de Cuba, tornando-a livre da dependência completa em relação aos Estados Unidos.

Essa superpotência, que desde o início do século XX vinha baseando sua política externa com México e América Central na teoria do “big stick (porrete)”, tentou invadir mais uma vez a ilha para depor um governo considerado hostil aos interesses estadunidenses e colocar em seu lugar um governo dócil. A tentativa, frustrada, de invasão à Baía dos Porcos (1961) fez com que o governo liderado por Fidel buscasse a proteção soviética, declarando o “caráter socialista da revolução”. A Guerra Fria vinha para a América.

Se entendemos a Doutrina Truman, teoria da Guerra Fria, como “contenção do expansionismo soviético”, percebemos o que sucedeu a partir de então na maioria dos países latino americanos. Qualquer proposta reformista por parte de governos progressistas, além de atentarem contra os interesses conservadores das elites econômicas locais, era percebida, por parte dos EUA, como ação soviética, cuja “ameaça comunista” deveria imediatamente ser combatida.

Tiveram início, a partir de 1964 no Brasil, uma série de intervenções militares alentadas pelas elites econômicas e pelas empresas de comunicação, e apoiadas por interesses regionais e globais estadunidenses. Hoje sabemos, a partir da divulgação dos diários do embaixador americano no Brasil à época, Lincoln Gordon, que a 4ª frota dos EUA, que patrulha o litoral ocidental do Atlântico Sul, estava a postos caso fosse necessária uma intervenção em defesa da ação militar (a chamada Operação Brother Sam).

Esse é o resumo da Guerra Fria na América: Cuba alinhada à União Soviética, ditaduras empresarial-militares apoiadas pelos Estados Unidos em todos os países da América do Sul, com Exceção de Colômbia e Venezuela.

*professor de Geopolítica do Cursinho da Poli

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