Artigo da professora Vanessa Mesquita Dutra
Na República Dominicana, em 1960, as irmãs Minerva, Pátria e Maria Tereza – conhecidas como “Las Mariposas” – foram encontradas mortas, estranguladas, no fundo de um precipício. Elas haviam se colocado fortemente contra o governo do ditador Leônidas Tujillo e, por isso, tiveram esse destino, o que gerou forte comoção popular. Em 1999, a Organização das Nações Unidas instituiu o dia 25 de novembro como sendo o Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres.
A data se destina à reflexão sobre a condição das mulheres na sociedade contemporânea em todo o mundo, seja no que se refere à violência física – que no Brasil atinge 43% das mulheres, além de ocorrer um estupro a cada onze minutos, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública – seja no que se refere a outros tipos de violências e desigualdades, como ocorre no mercado de trabalho. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, apenas daqui a 80 anos as mulheres terão seus salários equiparados aos dos homens. No mundo, os casos de violência são assustadores, com previsão de 100 milhões de casamentos forçados até 2020, segundo a Unicef e pelo menos 3 milhões de casos de mutilação genital todo ano. Compondo esse quadro, temos ainda situações de assédio no trabalho e nas ruas, entre outras ocorrências.
As consequências para a vida das mulheres são avassaladoras: a violência conjugal, por exemplo, tem grande impacto na saúde física e mental delas e as ameaças sofridas em relações abusivas incutem medo e insegurança. As mulheres agredidas tendem a ser menos produtivas e desenvolverem baixa autoestima, ficando mais vulneráveis a sofrerem de doenças psicológicas, como depressão. As agressões acontecem tanto na vida conjugal, quanto na relação entre pais e filhas, patrões e empregadas etc. e grande parcela da sociedade ainda considera natural a submissão das mulheres a situações abusivas.
Tal conjuntura exige tomada de medidas com o intuito de traçar caminhos para a emancipação feminina, exigindo empenho da sociedade no sentido de conscientizar a população quanto a essas violências e tornando urgente a adoção de políticas públicas de enfrentamento às desigualdades de gênero.
Embora o caminho ainda seja longo, vale destacar a atuação de Ongs feministas que trazem mulheres como protagonistas, como a SOF (Sempre Viva Organização Feminista), entre outras. Destacam-se também conquistas das mulheres brasileiras, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, que representam passos importantes nessa luta.
Vanessa Mesquita Dutra é professora do Cursinho da Poli