A Uneafro Brasil, rede de cursinhos populares, comemorou 10 anos de existência no dia 30 de Março, sábado, no auditório da FFLCH-USP. Cerca de mil estudantes participaram do evento, que também teve a entrega da segunda edição do prêmio Marielle Franco.
Os jovens começaram a chegar a USP às 9h e iniciaram as atividades com uma palestra sobre as singularidades da prova do ENEM com o professor de física Giba, do cursinho da Poli. Depois, jovens da Uneafro que estudaram no cursinho, foram para a universidade, se formaram e passaram a coordenar núcleos da organização deram depoimentos de toda a trajetória percorrida para os colegas presentes.
O Pagode na Disciplina, roda de samba do Jardim Miriam, zona sul de São Paulo, se apresentou durante as atividades com músicas que trazem a tona a resistência preta no país, como o clássico “Sorriso Negro”, de Dona Ivone Lara.
Na sequência, Douglas Belchior recordou a fundação da organização, em Março de 2009, quando um grupo decidiu ocupar o prédio da Faculdade de Medicina da USP como forma de protesto pela ausência de negros na instituição e pressão para a adoção de cotas raciais.
À tarde, os estudantes fizeram um tour pela Cidade Universitária, no Butantã, para conhecer os prédios e departamentos da instituição. Esse foi o primeiro contato com a USP para a maior parte dos presentes.
A entrega do prêmio
Os dois auditórios da FFLCH cedidos para o evento não comportaram o público. Isso levou a organização da atividade a ocupar o vão livre do prédio para a realização da parte final do período da manhã, a entrega do Prêmio Marielle Franco de Direitos Humanos e Educação Popular.
Integrantes da Uneafro foram convidados para anunciar os homenageados e protagonizaram os momentos mais emocionantes do dia. Receberam a recordação Cida Bento da CEERT, Sarau da Cooperifa, Associação Amigos e Familiares de Presas/os (AMPARAR-SP), Luayara e Anielle Franco, representando a família de Marielle, e os coordenadores da Uneafro Vanessa Nascimento, Adervaldo Santos e Elaine Correia.
Sobre a Uneafro
A principal missão da Uneafro é tirar o corpo negro e pobre da linha do tiro, do contingente encarcerado pelo estado, da fila do hospital e dos números das estatísticas da violência. Para isso, desenvolve ações que busca oferecer oportunidades de estudo e trabalho, sempre acompanhada por uma permanente formação cidadã, justamente para que esses jovens alcancem a compreensão dos motivos que geram tanta violência, desigualdade e injustiça.
Em 10 anos de trabalho, centenas de professores voluntários, pilar fundamental do projeto, se engajaram. Mais de 15 mil estudantes foram atendidos. Centenas de jovens negras, negros e pobres chegaram em Universidades, conseguiram melhores empregos, aumentaram suas rendas e mudaram a trajetória histórica de suas famílias. Um número incontável de comunidades e bairros periféricos foram impactados.
Reportagem publicada no blog ‘Negro Belchior’, da Carta Capital. Clique aqui para ver a original.