O Brasil está entre os piores países no ranking de desempenho dos alunos em ciências, leitura e matemática, segundo a avaliação do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, na sigla em inglês) de 2015. A prova foi aplicada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) para 23.141 alunos de 841 escolas, que correspondem a 73% dos estudantes de 15 anos.
Segundo o professor Gilberto Alvarez, diretor executivo do Cursinho da Poli, os resultados dos próximos anos devem ser ainda piores: “Se pensarmos que a previsão de investimentos em educação nos próximos 20 anos é gastar menos 70 bilhões de reais em educação, seja por conta dos royalties de petróleo, seja por conta do teto de gastos, o cenário deve se agravar ainda mais. É evidente que o dinheiro não traz a solução, mas a falta de investimento gera mais problemas ainda”, afirma Alvarez.
A avaliação internacional é realizada a cada três anos pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e traça uma comparação com o resultado de 70 países. A média mundial das pontuações foi de 493 em ciências, 493 em leitura e 490 em matemática. O Brasil ficou muito abaixo, pontuando 401, 401 e 377,respectivamente, sendo que em matemática o país foi o último no ranking da América Latina. Além disso, grande parte dos estudantes brasileiros não alcançou a média necessária de conhecimento para exercer uma cidadania plena, em matemática 70% ficaram abaixo, em ciências, 56% e em leitura, 51%.
Se por um lado o cenário educacional se mostra cada vez pior, o mercado de trabalho se mostra cada vez mais exigente, e o resultado é a falta de profissionais adequados. Segundo a pesquisa Carência de Profissionais no Brasil, da Fundação Dom Cabral, a oferta de mão de obra é considerada de média a baixa por mais de 80% das empresas, ou seja, a insatisfação com o mercado de trabalho é quase generalizada.
O estudo foi feito em 2013 com 167 empresas de capital nacional e internacional que, juntas, empregam mais de 1 milhão de trabalhadores. 91,02% das empresas afirmaram ter problemas com contratação. A capacitação insuficiente é a maior causa de tal dificuldade, seguida de deficiência na formação básica e de falta de experiência para ocupar o cargo. Para resolver o problema, algumas empresas têm diminuído as exigências de contratação ou investido em treinamentos.
“As empresas estão certas em investir em treinamento, mas o conhecimento adquirido é voltado para os interesses do patrão. O indivíduo precisa ter acesso ao nível de conhecimento que permita certo grau de autonomia, para que ele escolha seus próprios caminhos”, complementa Alvarez. O professor também acredita ser essencial não perder de vista que educação é um dever do Estado: “É necessário termos uma educação que permita e incentive o estudante a ultrapassá-la, e que ele próprio busque reforçar seu repertório cultural pessoal a partir da vontade de querer experienciar”, finaliza.
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